20 março 2010

Via Algarviana - À descoberta do Algarve

 De um lado, o Guadiana; do outro, o Atlântico. No meio, a unir estas duas fronteiras naturais, a Via Algarviana, um caminho que atravessa o Algarve interior e esquecido. No total, são 301 quilómetros... percorridos a pé, em 14 dias


 DIA 1 24,2 Km - Alcoutim-Balurcos

Se à noite reina a melancolia em Alcoutim, durante o dia vive-se o passar vagaroso do tempo, que, por estes lados, parece ter outro ritmo. Armando Marques, 57 anos, ex-GNR, é um dos dois barqueiros que faz por rio os cerca de 500 metros que separam Portugal e Espanha (um euro a viagem). Vê o presente com desilusão e o futuro com desassossego: "O Guadiana está mal aproveitado em termos de turismo. Era necessário olhar para este rio com mais carinho." E é com o rio pelo nosso lado direito que iniciamos a caminhada.



A paisagem é dominada por espaços rurais de sequeiro (amendoeiras, figueiras, oliveiras) e vegetação intensa. Aos poucos, começam a surgir as primeiras aldeias, que por aqui se chamam montes, todas elas semiabandonadas.

Pelo caminho vemos pequenas hortas tradicionais ladeadas por valados, muito típicas nesta região. O que fica na nossa memória no final do dia é a rica flora e as inúmeras paisagens postais da etapa, principalmente na primeira parte, junto ao rio Guadiana, onde o branco da Flor da Esteva sobressai sobre o verde da vegetação. Há definitivamente um outro Algarve por descobrir.

DIA 2 14,3 Km - Balurcos-Furnazinhas
A etapa de hoje, comparada com a de ontem, é irrisória. As pequenas propriedades são ladeadas por muros e os seus terrenos servem, basicamente, de subsistência para os seus proprietários. Os barrancos e linhas de água surgem com frequência e em breve chegamos à Ribeira da Foupana, o principal curso de água desta região e lugar indicado para a obrigatória paragem para o almoço sandes, água e chocolate. O curso de água obriga a fazer uma ponte de pedra para atravessar a ribeira, mas há meses em que é mesmo necessário molhar os pés. Da Foupana iniciámos, num bosque de azinho, a subida até à aldeia de Corte Velha, onde paramos num café com as bandeiras do PSD, PS e CDS-PP.

Nas paredes, dois posters: um da ex-namorada de Cristiano Ronaldo, Nereida Gallardo, em imagens pouco católicas, e o outro de Bon Jovi, em anos há muito idos. "Gostamos de agradar a todos. Na política e nos olhos", sorri Ana Pereira, 47 anos, proprietária do café juntamente com o marido, António Braz, 57. Na estante, uma incrível colecção de bonés, isqueiros e notas de dinheiro, com o pó a cobrir as suas cores originais. "Este é o Algarve esquecido. Herdei este local há nove anos do meu pai, que tinha este café há 50. Eu trabalhava na hotelaria em Faro. Em nove anos há pessoas que montam empresas.

Eu, em nove, ganhei isto, bonés", lamenta António Braz, acrescentando que o seu café é o único nas redondezas, esperando que a Via Algarviana traga mais pessoas para estes lados. Ali perto, no entanto, já existe um Centro de Interpretação do Território, onde podemos aprender um pouco sobre a região.

Ao contrário do que se diz, talvez o fim do mundo seja um local bastante agradável...

DIA 3 20,3 Km - Furnazinhas-Vaqueiros
O trajecto é seco, o mais árido da Via Algarviana. O relevo é acidentado e entrecortado por algumas linhas de água, de pequena dimensão.
Surgem, ocasionalmente, pequenos povoamentos de pinhal bravo. Passamos por outras aldeias perdidas, entre elas a de Malfrades (25 habitantes), onde alguns esperam a carrinha do padeiro. O pão passa por aqui todos os dias, enquanto a carne chega às sextas-feiras e, aos sábados, é o dia de comprar fruta. Os vendedores ambulantes são essenciais na vida diária das aldeias, como refere o padeiro Joaquim Rodrigues, que faz por dia cerca de 150 quilómetros com a sua carrinha: "Vou a cerca de 25, 26 montes. Os horários estão estipulados. É chegar, vender e partir." Ao longo da caminhada, passamos por diversos vestígios arqueológicos do tempo dos romanos e chegamos a Ferrarias, onde a Almargem, entidade responsável pela criação da Via Algarviana, pretende criar um Centro de Acolhimento para os caminhantes. Mas agora, apenas lá vive José Teixeira, 78 anos, único habitante deste monte: "Estou cá há 30 anos. Gosto de estar aqui sozinho."

DIA 4 14,8 Km - Vaqueiros-Cachopo
Terry Worster, inglês, 66 anos, trabalhou numa empresa ligada à construção civil até aos 58 anos e jogou futebol amador até aos 55, representando o FC Old Grammarians, clube de Londres da Southern Olympian League. Adepto do Ipswich, tem uma forma física invejável e, por isso, é um dos líderes do grupo de caminhantes. A hora de saída estava hoje marcada para as 9h00. Com o humor very british, perguntou na véspera: "Hora inglesa ou portuguesa?" Saímos às 9h39... A etapa foi pequena, mas nem por isso mais fácil, já que entrámos na serra do Caldeirão. A paisagem muda drasticamente e o verde volta a mostrar todo o seu fulgor e com ele, o sobreiral, as estevas e alguns pinheiros mansos. O relevo é acidentado e rico em miradouros naturais. Em relação ao património, vale a pena olhar com mais cuidado para os fontanários, poços, noras, eiras e vários pormenores arquitectónicos antigos. Nos montes, os aldeões olham desconfiados mas depois acabam por conversar, como foi o caso de Beatriz Maria, 74 anos. "Ouvimos tantas histórias de assaltos que temos medo. Aliás, se matarmos uma águia-real ficamos mais tempo na prisão do que os ladrões. No outro dia uns jovens apareceram e perguntaram-nos como iam para Tavira. Indicámos a estrada, mas eles perguntaram pelas estradas secundárias.
Logicamente que estranhámos..." Chegamos cedo a Cachopo, apesar da dificuldade do trajecto. É aqui que encontramos o primeiro multibanco, desde Alcoutim.

DIA 5 29,1 Km - Cachopo-Barranco do Velho
O grupo com quem fazemos a viagem dormiu em Feiteira, numa escola primária abandonada e transformada em centro de acolhimento e abrigo pela Câmara Municipal de Tavira, os chamados Centros de Descoberta do Mundo Rural (há mais dois, em Casas Baixas e Mealha), uma óptima ideia de reaproveitamento do espaço público. Antes de partimos visitámos uma destilaria de aguardente de medronho, uma das principais actividades económicas da serra do Caldeirão, juntamente com o mel, o queijo e a cortiça. A destilaria ainda está em fase de legalização, e por isso não há nomes, apenas informação: "Produzimos cerca de 120 litros por mês. Somos uma produção caseira, algo que vem de geração em geração. Estamos a legalizar este negócio, mas o processo é muito demorado. Vendemos a familiares e a pessoas que sabem que produzimos.
" A aguardente de medronho, que dever ter um teor alcoólico mínimo de 47º, é muito procurada e raramente sobra de ano para ano (uma garrafa de 750 ml custa em média 25 euros). Por isso, é um negócio fulcral para algumas famílias que dele dependem. A tossir devido ao teor alcoólico da aguardente de medronho, partimos para uma das etapas mais complicadas da Via Algarviana. O início é memorável devido à paisagem florestal, no entanto, as inclinações são extensas e os declives maçam os dedos dos pés.
Na Ribeira de Odeleite o melhor é descansar antes de subir para Parizes, onde a Via Algarviana se cruza com a Rota da Cortiça. Nesta etapa é importante sair o mais cedo possível para evitar o forte calor.

DIA 6 14,9 Km - Barranco do Velho-Salir
Apesar do cansaço, às sete da manhã já estávamos acordados. Hoje o dia promete ser calmo, pois para Salir é sempre a descer. Antes do trajecto, conhecemos Franz Diessenbacher, 66 anos, alemão, professor universitário reformado e responsável pela recuperação da Casa das Fontes. Veio para Portugal depois de se apaixonar "pela simpatia das pessoas, pela gastronomia e pela natureza". A herdade, de 1897, é simplesmente admirável, um local aristocrático em plena serra do Caldeirão.
Depois, passamos por outra destilaria, desta vez legalizada, da produção Herdeiros de José M.M. Guerreiro. Do moinho de vento da Eira de Agosto desfruta-se de uma paisagem moralizadora para a caminhada, que é feita novamente num percurso bastante arborizado, onde abundam medronheiros, urzes e rosmaninhos. No entanto, após a passagem pela ribeira do rio Seco, nota-se uma mudança na paisagem, onde ganham força extensos campos agrícolas de sequeiro.
Entramos aos poucos no Barrocal, localizado entre a faixa litoral e a serra, uma região que possui uma identidade própria, tanto na formação do terreno (geologia) como nas espécies vegetais e na fauna.

DIA 7 16,2 Km - Salir-Alte
Em pleno barrocal algarvio, a paisagem é dominada por campos agrícolas de sequeiro, hortas esparsas e densos matagais. Comparado com os últimos dias, o relevo é plano, embora haja duas subidas significativas.
Este percurso vale muito devido ao vermelho da terra, que contrasta com o verde da vegetação. É em Benafim que conhecemos Fernando Zuñigo, 55 anos, chileno, há 20 anos em Portugal e um dos poucos artesões que trabalham o couro no Algarve. Como os camponeses e os pastores, vê com tristeza o futuro da sua arte, já que, mais uma vez, a ASAE não dá tréguas. "Outro dia fui parado por uma brigada e recebi uma multa de 300 euros porque não tinha comigo a factura das minhas ferramentas." Em Alte encontramos correio, imprensa internacional, bares com SportTV. Estamos no meio da caminhada e já se sentem os primeiros sinais da civilização.
As bolhas acabam por aparecer, mas nos pés de outros caminhantes. Aos poucos o corpo acostuma-se às horas seguidas de caminhada e, embora o cansaço esteja sempre presente, já não se sente o peso de fazer 15 km seguidos. No Alte Hotel o repasto também é memorável: javali com torrada e cataplana de carne e marisco.

DIA 8 19,3 Km - Alte-São Bartolomeu de Messines
Jans Mader, 49 anos, alemão, veio para Portugal porque a mulher recebeu um convite de trabalho por três anos. Estão cá há 20. Guia de profissão, trabalha há sete anos para a Alpin Schule Innsbruck, uma empresa de turismo vocacionada para grupos alemães. Mader está a fazer a Via Algarviana pela primeira fez e ficou impressionado com o que viu. Acredita que há "um enorme potencial" neste percurso, apesar de algumas carências, principalmente em termos de hospedagem para grupos. O alemão reconhece que falta "explorar" o Algarve interior, uma região que o surpreendeu.
O troço entre Alte e Messines, situada praticamente no centro do Algarve, não é dos que mais me agrada, embora a parte final, junto a um riacho, ajude a compensar.
Segundo os populares, foi aqui que esteve escondido José Joaquim de Sousa Reis, mais conhecido como Remexido, guerrilheiro algarvio apoiado por serranos que, no século XIX, durante a guerra entre liberais e miguelistas, lutou contra as tropas governamentais.

DIA 9 27,6 Km - São Bartolomeu de Messines-Silves
Se ontem o percurso não deixou recordações, hoje é o contrário graças ao enorme espelho de água da Ribeira do Arade, que acompanha grande parte do nosso trajecto. O vale fluvial, os afluentes e a serra circundante. É necessário ir com a máquina fotográfica preparada. Antes da chegada à Barragem do Funcho há um parque de merendas, que precede uma interminável subida, onde é obrigatório parar. O silêncio, a sensação de harmonia, a paisagem... tudo é simplesmente deslumbrante! A Barragem do Funcho também impressiona, principalmente porque compreendemos, através de um único projecto, o génio da criação humana. Após a passagem sobre o paredão da barragem, prepare-se para uma das mais extenuantes subidas da via. Mas se o esforço é intenso, a vista final acaba por constituir uma justa recompensa.
Pela primeira vez, desejava que a etapa, bastante exigente em termos físicos, terminasse. Estava exausto e sonhava com o hotel. À entrada de Silves, um grupo de jovens jogava golfe junto a uma ribeira. Curiosos, perguntaram de onde vínhamos. De Alcoutim, a pé, respondemos. Entre risos disseram-nos que o melhor era termos vindo de carro. Pois, a crua frontalidade da juventude...

DIA 10 28,2 Km - Silves-Monchique
Esta é considerada, em linguagem ciclística, a etapa rainha da Via Algarviana, precisamente um dia depois de uma etapa extenuante. Buscamos alento nos versos do nosso companheiro de viagem, Jorge Santos: "Nunca, mas nunca desistir/ Contra tudo e contra todos/ Saber sempre reagir/ Haja chuva ou faça ventos/ Contra todos os tormentos/ Nunca, mas nunca desistir/ Em cada dia que há por vir/ Uma estrela há-de-nascer/ E uma rosa há-de florir." Apaixonado pelas caminhadas, este técnico de telecomunicações, de 46 anos, encontra na natureza a sua fonte de inspiração.
Hoje o dia resume-se a uma palavra: subir. Na primeira parte, até à Ribeira de Odelouca, a paisagem é dominada por extensos estevais e povoamentos de eucaliptos e pinheiros, embora a flora seja mais rica próxima das linhas de água, locais privilegiados para vermos várias espécies aromáticas, como rosmaninhos e tomilhos. Durante o trajecto, cruzamo-nos com João Clemente, 76 anos, habitante de Barreiro, que oferece laranjas a todos. É mais um que vive da agricultura. Na Ribeira de Odelouca, pausa para o almoço. E quem, de modo inesperado, aparece de carro a atravessar o curso de água? Pois, João Clemente, com mais laranjas para o grupo. Nas próximas três horas segue-se a dolorosa subida rumo à Picota, o segundo ponto mais alto do Algarve (773 metros). A vista é realmente inesquecível e alcança uma grande extensão do Algarve litoral. Portimão, Armação de Pêra, Quarteira, etc. Depois da extenuante subida, é reconfortante vermos o mar, mas também Messines, Silves, onde, há dias, estávamos.
A descida para Monchique também é rica em termos visuais, já que é feita no meio de um denso e magnífico bosque de sobreiros, sem dúvida, um dos mais belos percursos da via.

Em Monchique dormitamos na Hospedaria Descansa Pernas, um nome apropriado para aquilo que andámos. O nome surge de uma história curiosa: os aldeões vinham para a missa, festas da vila ou procissões com sapatos velhos e paravam no café da hospedaria para trocarem de calçado. No restaurante A Charrete, um dos mais típicos da região, jantamos feijão com arroz e castanhas e grão com acelgas.

DIA 11 14,7 Km - Monchique-Marmelete
Mário Duarte, 59 anos, também está a fazer a Via Algarviana. Mantém há três anos um dos blogues nacionais mais interessantes em termos culturais, o Parente da Refóias ( http://refoista.blogspot.com ), dedicado à região de Monchique. A sua particularidade é ser escrito na íntegra na linguagem local.
É ele que nos chama a atenção para o Convento do Desterro, um dos patrimónios mais conhecidos da vila, incompreensivelmente em ruínas. Após atravessarmos um bosque de eucalipto, subimos em direcção ao ponto mais alto do Algarve, a Fóia (902 metros de altitude). Aos poucos, a paisagem típica da montanha revela-se: coberto arbóreo escasso, densa vegetação rasteira e numerosos afloramentos rochosos. A vegetação é dominada por densos estevais, tojos, zimbros e, pontualmente, por adelfeiras, uma das plantas endémicas da serra de Monchique.
Mais à frente, encontramos um vale muito semelhante às paisagens dos Açores, onde vacas pastam em tranquilos terraços agrícolas. Ao fundo, vislumbramos o nosso destino final, o cabo de São Vicente.

DIA 12 35,7 Km - Marmelete Barão de São João
O atendimento nas aldeias é contrário à vida das cidades. É lento e uma pessoa tem de se adaptar a um tempo vagaroso. Antes de entrar em qualquer café, é fundamental relaxar, respirar três vezes e atravessar a porta com outra atitude. Entra-se realmente noutra dimensão. É com calma que decido fazer esta etapa.
A paisagem é rica devido à sua diversidade e há pontos de apoio (mais concretamente cafés). Linhas de água, campos floridos, sobreirais, hortas e inclusive vinhas são apenas alguns dos interesses da jornada. Depois de algum percurso em asfalto, as estradas de terra regressam em pleno após passarmos o espelho de água da Barragem da Bravura. No caminho até Barão de São João encontramos várias quintas, que se escondem entre muros e grossos portões.

O mar está próximo... Em Barão de São João há algumas casas coloridas que nos transportam para as vilas mexicanas com as suas exuberantes cores, muito diferentes do branco e azul que dominam a paisagem algarvia.

DIA 13 25,1 Km - Barão de São João-Vila do Bispo
À saída da surrealista Barão de São João, uma das freguesias mais rurais do concelho de Lagos, uns artistas alemães colocaram várias obras artísticas ao longo do asfalto, numa clara demonstração de bom-gosto e criatividade.
São mais de 30 peças, inclusive um baile com cerca de dez figuras. As cores fortes imperam e são com elas nos olhos que entramos no perímetro florestal (basicamente pinheiro-manso) de Barão de São João, a maior da região e com espaço de lazer e recreação para as populações locais. Pouco depois, entramos no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma das áreas protegidas do país. Até Vila do Bispo o terreno é plano e o caminho realizado sem problemas. Antes de entrar na EN125, não deixe de fazer um curto desvio à Ermida da Senhora da Guadalupe.

DIA 14 16,6 Km - Vila do Bispo-Cabo de São Vicente
Pela última vez arrumámos a mochila, embrulhámos o saco-cama e dormimos em camas alheias. Iniciamos a última etapa da Via Algarviana, em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. O espaço infinito da paisagem marca todo o caminho e o cheiro a mar sente-se cada vez mais perto. O farol do cabo de São Vicente vê-se primeiramente como um mero ponto no horizonte ao longe e, com o passar dos quilómetros, fica cada vez maior. Por ser de relevo bastante suave, este é um dos troços mais simples da via. A chegada ao Farol do cabo de São Vicente cria em nós uma dualidade de sentimentos, a alegria pela chegada e a tristeza do fim de uma viagem preenchida de ricas lembranças. O ideal é chegar ao fim do trajecto perto do pôr do Sol para saborear com calma uma imagem que será recordada para sempre.

Fonte do texto e imagem: Visão

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