21 março 2010

Turismo do Algarve vê oportunidades na crise

Quatro décadas depois da criação da Região de Turismo do Algarve, o sector atravessa uma das piores crises  de que há memória. Presidente do organismo fala em confiança e qualidade  para o caminho futuro.

"Temos de olhar em frente com confiança, que tem existido por parte dos operadores turísticos dos mercados emissores, mas também dos profissionais aqui do Algarve. É preciso uma plataforma de entendimento conjunta entre o sector público e o privado, com uma estratégia que passa por diversificar os produtos turísticos para além do sol e mar e atenuar o efeito de sazonalidade", explica o presidente do Turismo do Algarve, Nuno Aires.
Nuno Aires falou ao Expresso à margem da comemoração dos 40 anos da Região de Turismo do Algarve, hoje Entidade Regional de Turismo do Algarve, assinalada com o lançamento de um livro com 40 olhares sobre a região de algumas personalidades bem conhecidas dos portugueses:  Diogo Infante, Fátima Lopes, Luís Figo, Luís Represas, Maria Barroso, Maria Cavaco Silva, Mário Zambujal e Miguel Sousa Tavares, só para nomear alguns.

E se o livro é feito de olhares, como olha o actual responsável pela promoção do turismo algarvio, para a saída da crise? "Temos de investir no turismo de natureza, de saúde e bem estar, náutico, turismo acessível, que têm potencial. Depois, trabalhar para além dos principais mercados emissores - Reino Unido e Alemanha - outros mercados que estejam num arco de duas horas e meia de distância do Algarve, tais como os países nórdicos e do Benelux, onde estamos a fazer uma grande aposta. Para além disso, há uma margem de crescimento possível no mercado nacional", salienta Nuno Aires, falando das orientações estratégicas "que já estão a dar alguns resultados".

"O Algarve tem oportunidades, nesta crise, de se posicionar ainda melhor, afinar o seu target, mas sobretudo de melhorar a sua qualidade. É bom sensibilizar todos os envolvidos nesta indústria de que o único caminho é o da qualidade, da formação dos profissionais, da hotelaria e da animação. Temos também de trabalhar a nossa requalificação urbana e por isso convoquei os autarcas. Para termos um destino 5 estrelas não basta ter hotéis de 5 estrelas", constata Nuno Aires.
Não há hotéis a mais há é turistas a menos

"O Algarve não tem excesso de oferta, poderá ter desiquilibrios na forma como se desenvolveu, mas o problema é que estratégias vamos desenvolver para que a nossa oferta se adapte à procura", interpõe Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, a AHETA.

"Nós desenvolvemo-nos sempre no sentido contrário, impondo à procura uma oferta que ela não queria, e isto aconteceu com as políticas públicas do passado, sejam de ordenamento do território seja a política de turismo, estilo nós é que sabemos e os ignorantes dos turistas que aceitem o que temos para lhes oferecer", critica.

O seu olhar sobre o Algarve - que não consta do livro - é o de que o turismo bateu no fundo e que vai demorar a sair dele: 'Esta crise bateu lá em baixo e vai lá ficar e só depois iniciará um período de recuperação muito lento. Temos de estar preparados para nos confrontarmos com esta realidade, numa actividade que requer investimentos muito significativos. Daí que as políticas públicas sejam decisivas para que o turismo seja uma actividade em que vale a pena apostar", salienta Elidérico Viegas.

Ainda assim, Elidérico Viegas remata com um laivo de optimismo: "Também é verdade que assim que a crise começar a desaparecer sabemos que o turismo será uma das primeiras actividades a recuperar", antevê o presidente da AHETA.

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