27 março 2010

Querem a Linha do Tua a Património Nacional

Um grupo de cidadãos pediu esta sexta-feira ao Governo o reconhecimento da Linha do Tua como Património Nacional por considerarem «única e exemplar» esta via ferroviária, que corre o risco de ficar submersa devido à construção de uma barragem, diz a Lusa.

Entre os mais de cem subscritores do pedido entregue esta sexta-feira no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) há nomes transversais de vários sectores da sociedade portuguesa, nomeadamente os músicos Sérgio Godinho e José Mário Branco, os professores universitários Adriano Moreira, Gaspar Martins Pereira e Lopes cordeiro, além de escritores, representantes de movimentos cívicos e autarcas.

Os subscritores propõem a classificação como Património de Interesse Nacional do troço inicial de 54 quilómetros da linha, entre as estações de Tua e de Mirandela, inaugurado em 1887.

O troço, construído sobre as arribas do Vale do Tua, é considerado pelos subscritores «uma peça única e exemplar do património ferroviário português», embora apresentando em «alguns locais sinais de degradação a necessitar de intervenção».

A construção futura da Barragem de Foz Tua, prevista no plano nacional de barragens, irá submergir 17 quilómetros desta linha, «na área com mais obras de arte e de maior relevância do ponto de vista de engenharia ferroviária e que se encontra na zona classificada como Património da Humanidade do Alto Douro Vinhateiro e respectiva zona de protecção», escrevem no documento.

«O que une este requerimento e os subscritores é que, para já, a linha [do Tua] tem de ser salvaguardada, conservada e posta a funcionar. Depois se é mais explorada de uma forma ou de outra é outro debate», disse Manuela Cunha, do Partido Os Verdes, uma das proponentes.

Daniel Conde, do Movimento Cívico pela Linha do Tua, defende que «só há um caminho para a Linha do Tua, que é a reactivação da componente carga (mercadorias) e é o aproveitamento e melhoramento das condições de exploração tanto para passageiros como turismo».

Este cidadão considera que não é verdade que linhas como a do Tua sejam «completamente dispensáveis», como consideram a REFER e a CP.

«Uma das estações que foi encerrada em 1991 e que foi reaberta entretanto, explorada pelo Metro de Mirandela, só no mês de Janeiro teve cinco mil passageiros. Ora isso contradiz totalmente aquilo que todos dizem sobre a Linha do Tua, que é o de que não há passageiros», afirmou.

Daniel Conde salienta que a linha tem «um valor patrimonial ímpar» e que os seus primeiros dois quilómetros já são Património Mundial da Unesco, porque fazem parte do Alto Douro Vinhateiro. «Só queremos que assim seja considerada pelo Estado», disse.

O IGESPAR tem cerca de 60 dias para abrir o processo de análise do interesse da Linha do Tua como Património Nacional. A partir dessa altura, e enquanto o processo durar, a linha goza de protecção provisória.


Fonte do texto e da imagem: Diario IOL / Lusa

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