01 março 2010

Cultura gera mais de três mil milhões de euros por ano

"O sector cultural e criativo foi responsável por 2,8 por cento da riqueza criada em 2006, originando um Valor Acrescentado Bruto de 3.690,679 milhões de euros. Cerca de 6500 pessoas adoptaram como ocupação profissional uma área classificada como de cultural, o que representa um crescimento cumulativo de 4,5%, quando nas restantes áreas económicas esta evolução foi de 0,4%.

A relevância do Sector Cultural e Criativo é menos expressiva em termos de volume de emprego indiciando um nível de produtividade superior à média nacional, embora em linha com o maior nível de qualificação e educação do emprego gerado", lê-se entre as conclusões do estudo "O sector Cultural e Criativo em Portugal", coordenado pelo economista e ex-ministro Augusto Mateus, e que poderá consultar aqui.

Cerca de 127 mil pessoas trabalhavam no sector cultural em 2006, que registou uma subida bastante acima da média das restantes áreas da economia.

Oitenta e sete por cento das empresas em actividades ditas culturais têm menos de 10 trabalhadores, o que significa que o sector é dominado pelas micro e pequenas empresas.

Os trabalhadores são, em maior número, do sexo masculino, mas quando comparado com a empregabilidade dos restantes sectores, a presença das mulheres é superior à média nacional. As mulheres representam mesmo 55 por cento da força laboral no património, artes do espectáculo, artes visuais e criação literária.

Os trabalhadores do sector apresentam habilitações escolares superiores à média nacional. O retrato do sector no que respeita ao nível académico é impulsionado pelas empresas de software, arquitectura, publicidade e design, onde 51 por cento dos funcionários têm curso superior. A conclusão do ensino universitário foi apurada em 25 por cento dos trabalhadores do património, artes e media.

Tal como nos restantes sectores económicos nacionais, os trabalhadores têm maioritariamente entre 26 e 35 anos.

Os meios de comunicação social, que perderam 3500 posto de trabalho entre 2000 e 2006, contribuíram para o atenuar do crescimento cumulativo do emprego e evidenciando fortes assimetrias entre os subsectores.

"O dinamismo de criação de riqueza do Sector Cultural e Criativo acompanhou, ao longo do período que decorreu entre 200 e 2006, o dinamismo de criação de riqueza da economia naional, traduzido num crescimento cumulativo de 18,6 por cento, isto é, numa taxa média de crescimento anual de 2,9 por cento", refere o documento produzido pela Augusto Mateus & Associados para o Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério da Cultura.

Um sector polarizado e com desequilíbrios

O sector cultural é entendido, neste estudo, como o agrupamento dos subsectores nuclear (património histórico e cultural, artes do espectáculo, artes visuais e criação literária), das indústrias culturais (música, edição, software educativo, cinema e vídeo, rádio e televisão) e das actividades criativas (software, arquitectura, publicidade e design).

As indústrias culturais, com destaque para a actividade de edição, rádio e televisão (que produzem mais de metade do valor de todo o sector), concentram cerca de 80 por cento do valor acrescentado bruto, enquanto as actividades criativas e culturais nucleares registam 14 e oito por cento, respectivamente.

O estudo concluiu que as artes e o património têm uma "dimensão demasiado estrita", uma vez que em 2006 originaram um valor acrescentado bruto de 277 milhões de euros, cerca de 0,2 por cento do total nacional. No entanto, as artes do espectáculo (3,9 por cento), as artes visuais e a criação literária (2,7 por cento), constituem as áreas com maior relevância dentro do subsector nuclear.

As actividades nucleares estão a crescer a um ritmo superior aos 10 por cento/ano, em resultado do aumento de 13 por cento nas artes do espectáculo.

O contributo das actividades criativas é liderado pela arquitectura e serviços de software. Este subsector produz 430 milhões de euros, cerca de 11,6 por cento do total.

Já as indústrias culturais estavam a crescer a um ritmo anual de 14,7 por cento, entre 2000 e 2006, o que reflecte a disparidade entre as dinâmicas positivas de cinema, vídeo e turismo cultural, e as dinâmicas negativas de música, rádio e televisão e edição.

Exportações muito abaixo da média europeia

As exportações de produtos criativos e culturais portugueses foi de 14 por cento entre 1996 e 2005, enquanto a média europeia foi de 51 por cento. Este valor revela uma "expressiva degradação da taxa de cobertura das importações pelas exportações" e a "diminuição da quota das exportações portuguesas" na UE a 27.

Os produtos audiovisuais e os novos media averbam o mais acentuado crescimento das exportações embora não sejam expressivos no contexto do sector; as artes visuais, que contribuem de forma significativa para as exportações têm vindo a obter crescimentos negativos.

As exportações de serviços criativos e culturais ascenderam a 870 milhões de dólares, sendo acrescidos 60 milhões associados aos direitos de propriedade, que estão em curva ascendente. Esta categoria assume maior expressão ao nível das importações.

O estudo, que visou caracterizar as actividades, empresas e profissionais da cultura em Portugal entre 2000 e 2006, consistiu na recolha de informação dispersa por vários indicadores. Foi o primeiro estudo do género realizado em Portugal, mas segue a linha da investigação produzida pela KEA European Affairs para a Comissão Europeia. Em 2006, esta investigação concluía que a riqueza produzida na UE pela cultura era superior à resultante do sector automóvel.

Os dados poderão ser tidos em conta no debate sobre a evolução da Estratégia de Lisboa."


Fonte: RTP1

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