01 março 2010

Câmara de Seia e Turismo Serra da Estrela apostam em novos conceitos turísticos

 A possibilidade de a neve vir a escassear na Serra da Estrela devido ao aquecimento global está a preocupar autarcas e operadores, que defendem novas prioridades turísticas para a região.

A cidade de Seia recebeu, no dia 20 de Fevereiro, um seminário sobre a importância natural, cultural e económica da neve, realizado pelo CISE - Centro de Interpretação da Serra da Estrela e pela associação ALDEIA, que juntou cerca de uma centena de participantes de vários pontos do país.
No decorrer dos trabalhos, o presidente da Câmara de Seia, Carlos Filipe Camelo, referiu que «a sazonalidade associada ao turismo de inverno não é futuro» para a região, nem para o concelho, pelo que é necessário encontrar «alternativas e complementaridades» ao turismo associado à neve.

O autarca defende uma clara aposta em projectos relacionados com o património natural e construído da região, «de forma a dar outras mais-valias e outras garantias àqueles que continuam a apostar nesta região, como uma região de turismo de futuro».

Devido às alterações climáticas, Carlos Filipe Camelo considera que o futuro turístico em redor do manto branco pode estar em risco. No caso de Seia, a autarquia pretende apostar na criação de novos atractivos que possam levar visitantes ao concelho durante todo o ano, como o CISE e museus ligados ao brinquedo, ao pão e à electricidade, entre outros.

O director da entidade regional da Turismo Serra da Estrela, José Belarmino, defende também que a neve é um produto «vendido por natureza» e que a atractividade para a região «é quando há neve», fazendo-se os plenos na hotelaria, mas «não nos dá garantias de um turismo para toda a vida». Segundo o responsável, no futuro, terão quer ser encontradas outras alternativas à neve, para «ocupar o resto dos meses que não são de neve». «É evidente que a neve continua a ser um elemento fundamental para o desenvolvimento turístico da nossa região, mas não é tudo», declarou na sessão de abertura do seminário.

José Belarmino frisou que as «preocupações» do presidente da Câmara de Seia são «as preocupações» da Turismo, é conceber uma campanha virada para a não neve, «apostando-se noutras áreas de importância turística e económica para a nossa região», falando na necessidade de a região direccionar as apostas para «outro tipo de elementos» turísticos «como a gastronomia, o turismo cultural e o turismo paisagístico e de natureza». «É preciso preparar o futuro e o futuro pode não passar só pela neve», avisa o dirigente.

Participantes reclamam exploração nas vertentes cultural e natural
Os participantes no seminário concluíram que a neve como recurso natural «deve ser aproveitado de uma forma mais integrada». Segundo José Conde, técnico superior do CISE, «a neve é um recurso que deve ser explorado numa vertente cultural e natural» e não apenas «na vertente económica».

Vários oradores nas jornadas apontaram «várias vias de investigação futura» no campo científico, nomeadamente nas áreas do clima e da geomorfologia da Serra da Estrela. Por outro lado, salientou que devido ao aquecimento global do planeta, tudo indica que, no futuro, «a quantidade de neve existente na serra poderá não permitir que se faça o tipo de desporto ou de actividade que se faz hoje, por muito mais tempo». «Convém que a região encontre alternativas a este modelo que temos agora», disse o elemento da organização do seminário que juntou cerca de uma centena de participantes de vários pontos do país.

Também disse que, mesmo no campo desportivo e recreativo, a neve «tem muitos outros usos do que apenas o do esqui de pista». «Há outras alternativas que é possível fazer, respeitando sempre a natureza e procurando sempre uma compatibilização com o território e com as pessoas que aqui residem», defendeu.

José Conde resumiu que os participantes nos trabalhos também concluíram que a região da Serra da Estrela ficará a ganhar «se a neve for encarada de uma forma global e não apenas em uma perspectiva excessivamente orientada para a exploração do esqui de pista». Disse que «há outras vertentes que se devem explorar», não só a cientifica «mas também a nível recreativo e cultural». Em sua opinião «há outros aspectos muito curiosos acerca da neve, por exemplo acerca da biologia das espécies ou a adaptação da fauna e da flora que se podem aproveitar para fazer circuitos interpretativos e espaços museológicos que explorem essa vertente».

O mesmo elemento da organização do seminário recordou que em outras montanhas da Europa existem projectos que exploram vertentes diferentes da neve, lançando o desafio para que «também sejam criados em Portugal».
No decorrer dos trabalhos foram abordados temas como “os climas locais da Serra da Estrela”, “As plantas e a neve”, “As aves e a neve, estratégias de sobrevivência”, “A neve e as suas gentes” e “A Estrela, mãe dos glaciares, um destino turístico para todo o ano”, entre outros.
      
Fonte: Porta da Estrela

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