19 março 2010

Comissão da Linha do Oeste vai bater-se pela sua modernização

 Um grupo de habitantes dos concelhos do Bombarral, Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche constituiu a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste, que defende a requalificação daquela linha férrea.

Na apresentação, feita junto à estação ferroviária das Caldas, os participantes destacam que não se trata apenas de uma comissão de utentes, mas de um conjunto de pessoas preocupadas com a Linha do Oeste, sua importância económica, social e ambiental. Vão agora sensibilizar as autarquias e governo para a causa, assim como os utentes, a quem pretendem distribuir informação.

"O actual estado da Linha do Oeste não pode continuar. Não podemos continuar a ter comboios a circular a uma média de velocidade tão baixa, a ter horários incompatíveis com os de quem trabalha e não podemos ter redução dos serviços prestados", resumiu Rui Raposo, técnico sindical de Peniche e um dos elementos da comissão.


Este responsável, que também é dirigente regional do PCP, salientou que há muitas pessoas a deslocarem-se diariamente para Lisboa, mas os horários e modo de exploração da Linha do Oeste tornam incompatível a sua utilização. "Não é de todo possível a quem trabalha em Lisboa sustentar seis horas de viagem nestes 70 quilómetros", disse, defendendo que uma correcta exploração da linha pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da região Oeste.

As propostas da comissão incluem a electrificação da linha e redefinição do traçado, modernização do material circulante, definição de horários compatíveis com as necessidades dos utilizadores e articulados com a rede de transportes, recuperação e modernização de estações, rentabilização da linha para o transporte de mercadorias e fixação de preços de exploração acessíveis e motivadores do uso do comboio.

O grupo defende que esta linha é estratégica, até como contrapartida à Linha do Norte. "Se um dia houver uma situação problemática na Linha do Norte que impeça a circulação de comboios, a linha do Oeste devidamente requalificada pode ser uma alternativa aceitável", explicou Rui Raposo.

Este responsável critica também o Estado por não estar a cumprir as suas obrigações, destacando que se trata de um serviço publico e deve cumprir as funções de bem-estar às populações, através da garantia de transportes baratos, confortáveis e compatíveis com as suas necessidades. Rui Raposo fez ainda notar que o uso exagerado do transporte rodoviário coloca problemas de ordem ambiental, sobrecarga de tráfego na A8 e tem influência no trânsito na entrada de Lisboa.

Na próxima semana os elementos da comissão irão pedir audiências aos presidentes de Câmara, Turismo do Oeste, OesteCIM, ministro das Obras Publicas, Comissão Parlamentar de Obras Publicas e Transportes e Presidente da República. "Pensamos que devemos sensibilizar estas entidades para a necessidade de uma intervenção urgente na Linha do Oeste", justificou Rui Raposo, adiantando que também pretendem distribuir um comunicado aos utentes do transporte ferroviário alertando para a necessidade de lutar por este serviço público.

A comissão vai aproveitar a viagem de comboio feita pelo Presidente da República, Cavaco Silva, entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, a 12 de Maio e, a propósito das comemorações do Bicentenário das Linhas de Torres, para sensibilizar o presidente para a necessidade de requalificar a Linha do Oeste.

Relativamente ao movimento "Juntos na Defesa da Linha do Oeste", que foi criado em 2007 por um grupo de utentes, António Barros (dirigente local do PCP que também faz parte deste grupo), lembrou que aquele movimento foi criado há três anos devido ao descontentamento que existia pela alteração dos comboios entre o Bombarral e as Caldas e que prejudicava os utentes. "O movimento foi criado e, de alguma forma, foi conseguida a reposição desses horários e a criação de comboios rápidos", disse, dando como exemplos a colocação de dois comboios com destino à Gare do Oriente (que entretanto deixaram de ter esse destino, ficando em Entrecampos) e outros dois com destino a Coimbra (um dos quais já deixou de ir). O grupo de utentes conseguiu também uma audição junto da Direcção Geral dos Transportes e Comunicações.

Relativamente à petição que decorre na internet pela defesa da Linha do Oeste, António Barros destaca que é uma posição com um conteúdo político, e que o movimento que criaram não será politico nem partidário, mas de apoio da linha do Oeste integrada no serviço público. Em relação à petição, mostra até alguma perplexidade com o facto de "autarcas e alguns deputados que a assinaram serem os mesmos que, na Assembleia da República, votam contra a as verbas em PIDAC para a recuperação da Linha do Oeste".
António Barros disse ainda que provavelmente a comissão irá estender-se ao concelho da Nazaré, uma vez que a população do Valado utiliza muito este meio de transporte.

Fonte do Texto e imagem: Gazeta das Caldas

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