26 março 2010

Aos domingos e feriados os monumentos vão receber menos turistas e mais famílias

Igespar interdita acesso de grandes grupos nos dias em que entrada é grátis Aos domingos e feriados os monumentos vão receber menos turistas e mais famílias

É efectivo a partir de 1 de Abril — depois do problemático fim-de-semana da Páscoa: no horário de entrada gratuita dos domingos e feriados, monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, ou o Convento de Cristo, em Tomar, deixam de receber grandes grupos em visita guiada como forma de “garantir o acesso universal à cultura”, nomeadamente o acesso das famílias e visitantes individuais “sem possibilidade de conhecer de outra forma o património histórico nacional”.

A decisão afecta monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos ou a Torre de Belém (Pedro Cunha)

A decisão foi tomada pelo secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, antigo director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), num despacho em que abre a hipótese de apenas a título excepcional os directores dos espaços autorizarem essas visitas nas manhãs de domingos e feriados, até às 14h (o horário de entrada gratuita). O mesmo despacho determina um regime de agendamento prévio nos restantes horários dos mesmos sítios e momentos, em geral listados pela UNESCO como património mundial ou da humanidade — outros exemplos: o Parque Arqueológico do Vale do Côa e o Mosteiro de Alcobaça.

Gonçalo Couceiro, actual director do Igespar, diz que o que acontece actualmente é que muitas famílias e indivíduos, em muitos casos com rendimentos reduzidos, acabam por ser ultrapassados pelos grandes grupos, mas sublinha também a necessidade de fragmentar a pressão concentrada que os grupos em visita guiada representam nas manhãs de domingos e feriados, insustentável para espaços que têm que ser protegidos fisicamente.

Segundo dados do instituto, dos 1,8 milhões de visitantes anuais dos espaços sob tutela do Igespar, cerca de 413 mil estão concentrados nos momentos de entrada gratuita. Destes, 340 mil serão visitantes estrangeiros. “Isto dá noção da pressão que existe”, sublinha Gonçalo Couceiro, explicando que isto é tanto mais verdade quando “200, 300 pessoas na Torre de Belém já é imenso”.

Para a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), parceiro fundamental do Igespar, esta é, contudo, uma medida que, a juntar ao recente aumento dos valores de acessos, mostra “o maior desrespeito e desprezo pela actividade turística nacional, pelos agentes de viagens, operadores nacionais e estrangeiros e pelas pessoas que nos visitam”. Num comunicado desta semana, a APAVT pede a revogação da decisão “com carácter de urgência”.

A APAVT é um “parceiro importante”, reconhece Gonçalo Couceiro — “contactei o director, vamos reunir” —, mas sublinha: “Em termos internacionais há restrições em todos os monumentos de grande afluência. Em Granada, sem marcação, consegue-se ver os jardins [do palácio de Alhambra] quando se consegue e isto chegando antes das 13h”.

Fonte: Publico



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