O geoturismo é uma nova vertente do turismo natureza.
Como explica Nilton Nunes, da empresa da ilha do Pico "Cume 2351", "ao falarmos de geologia associamos habitualmente a cientistas e pedras, no entanto, nos Açores, a geologia está interligada com vulcões, grutas, campos de lava, vinhas, lagoas, fumarolas, mistérios, cabeços, fajãs, lagoas, Espírito Santo, romarias, emigrantes, Oceano Atlântico, baleias, vaquinhas, entre outras coisas. É uma forma de definir o 'ser açoriano'. Nada nos Açores seria o que é se tivéssemos uma geo'logia diferente".
O geoturismo é o elo de ligação com a geologia de um determinado local inserida nos passeios de turismo de natureza. Ainda segundo Nilton Nunes, "com o geoturismo, pretende-se proporcionar às pessoas em geral, um contacto mais próximo com esta outra faceta da natureza açoriana que são os vulcões que criaram e deram forma a estas ilhas".
O responsável refere que "não se pode dizer que existe procura de geoturismo nos Açores, porque o Arquipélago ainda não é conhecido por isso. O que existe, desde sempre, é o turismo de natureza. No qual aqueles que nos visitam procuram as belezas e tranquilidade das nossas ilhas. E nessa procura estão incluídas todas as formas e actividades de turismo de natureza, incluindo o geoturismo".
Ao pensar-se em grupos de turistas na Natureza surge sempre a ideia de destruição. Nilton Nunes explica que essa é, no todavia, uma ideia errada.
"O turismo de natureza, realizado de forma organizada e consciente, é uma enorme mais-valia para a nossa natureza. Pois, infelizmente em Portugal, e os Açores não são diferentes, a conservação da natureza só tem sido feita em locais onde o desenvolvimento não chegou".
Ainda segundo o responsável da empresa "Cume 2351", "com o crescimento do turismo de natureza, as pessoas, e entidades políticas talvez compreendam que a sua preservação e gestão apropriada seja de extrema importância, nem que seja pelo lado económico, uma vez que a nossa sociedade ainda não compreende que a preservação da natureza deve ser feita simplesmente pelo respeito à sua existência e simples preservação do nosso planeta".
Em relação ao tipo de turista que procura esta área de turismo Nilton Nunes diz que "o geoturista, é o reflexo do tipo de turista que temos nos Açores, vindo de países do norte da Europa, como Alemanha, Holanda, Noruega, Inglaterra e França, onde as pessoas estão habituadas a procurar actividades de natureza durante as suas férias".
O turista que procura os Açores, procura descobrir uma parte da Europa que ainda está intocada, natural, e procura viver pequenas aventuras e experiências "como ir num barquinho de borracha pelo Atlântico à procura do maior animal dos nossos mares, subir ao ponto mais alto de Portugal, pelo desafio que representa ou mesmo entrar numa gruta criada pela força da lava que escorreu desde vulcões em busca das formas e contornos criadas nas profundezas das ilhas".
Não defendendo que este tipo de turismo deva ter uma divulgação especial, o mesmo responsável adianta "que os Açores devem criar uma imagem de Arquipélago vulcânico, de natureza intocada, com mar imenso". A imagem dos Açores deve ser forte e direccionada para a natureza, "para que o tipo de pessoas que gostam da natureza nos procurem, por tudo o que está ligado à geologia. Sem os vulcões, não teríamos ilhas, lava, nem mar à nossa volta.
E não teríamos também as nossas tradições", sublinha.
Turismo deve desenvolver-se primeiro para os açorianos
Nilton Nunes, refere que o geoturismo, como qualquer outra área do turismo deve ser desenvolvida com "o nosso turismo. Temos que começar pelos nossos, temos de dar a conhecer as nossas ilhas e potencial aos açorianos, preservando e divulgando o que temos, caso contrário, não precisamos de turistas nos Açores. Ou o turismo serve para termos melhores condições de vida e para os nossos filhos, ou não vale a pena termos turistas. Porque apesar de ser verdade que o turismo ajuda a preservar, o turismo também destrói, muda culturas, muda tradições... e isso não é turismo!"
Fonte: Expresso das Nove
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